poisonous insect scorpion with sting human arm

 
 

RN teve 2,3 mil picadas de escorpiões

 
 

O Rio Grande do Norte vai encerrar o ano com mais de 2,3 mil casos notificados de pessoas picadas por escorpiões. No Hospital Giselda Trigueiro, que é referência nesse tipo de atendimento na Região Metropolitana e concentra cerca de 80% dos casos identificados no estado, a média mensal é de 210 pacientes que buscam a unidade de saúde devido a acidentes com o aracnídeo. Agora, o atendimento está sendo descentralizado e unidades básicas de saúde nos bairros da capital potiguar já estão aptas a receber pacientes com os sintomas. Em Mossoró, o atendimento pode ser feito no Hospital Rafael Fernandes, que é especializado em doenças infecto-contagiosas.

De acordo com informações do Giselda Trigueiro, no ano passado, 2.851 pessoas foram picadas por escorpiões. Neste ano, o número de acidentes com esse tipo de animal chegou a 2.305 até novembro passado. “Essa é a media anual de atendimentos que prestamos nesse tipo de ocorrência. Foi registrada uma leve diminuição do número de pacientes aqui, no Hospital Giselda Tigreiro, porque fizemos um treinamento com as equipes de unidades de saúde, que passaram a atender e tratar os casos menos graves”, explicou o diretor técnico do hospital, o médico André Prudente.

Os acidentes mais comuns no Rio Grande do Norte ocorrem com o escorpião-amarelo (Tityus stigmurus), que predomina no estado. Essa espécie é identificada por uma listra escura única, atravessando o corpo do animal. Há ainda a outra variação o Tytus serralatus, que possui pontinhos próximos à cauda quase imperceptíveis aos olhos leigos que se assemelham a uma serra. E essa espécie que possui uma peçonha mais intensa e responsável pelos casos mais graves.

De acordo com André Prudente, em 90% dos casos, a dor é o principal sintoma que leva o paciente a buscar atendimento. A dor é local mas acaba irradiando para partes do corpo próximas ao local da picada. Contudo, é preciso ficar atento. Nos casos mais graves, a pessoa que foi picada pode ter sintomas mais graves, como tonturas, queda de pressão, suor intenso, náuseas, vômitos, diarreia, confusão mental, sonolência e dificuldade para respirar. É nessa hora em que preciso tratamento imediato. A boa notícia é que essa situação de gravidade só ocorre entre 2% e 3% dos acidentes com o aracnídeo. Os cuidados devem ser redobrados se o acidente for com crianças, que têm um peso corporal menor e a dose do veneno injetado pode ser letal, e idosos, que tem possuem uma debilidade natural maior.

“Não dá para perder tempo com remédios caseiros, que não têm efeito algum. A recomendação é procurar um hospital imediatamente, pois esse paciente vai precisar de um soro específico, já que essa peçonha ataca o sistema neurológico e, por isso, pode levar a óbito. Os sintomas podem surgir em até 12 horas. Mas, na maioria dos casos em que o paciente reclama apenas de dor, tratamos com analgésicos e anestesias”, alerta o médico.

Quarenta Escorpiões

A jornalista Ellen Rodrigues vive um tormento dentro do próprio lar devido a esse tipo de animal. Desde que mudou há quatro anos para a casa, no bairro de Candelária, zona Sul de Natal, já encontrou 40 escorpiões em locais de circulação na residência, onde mora com o esposo e a filha de quatro anos. “Encontramos o primeiro escorpião de manhã quando eu cheguei ao banheiro do lado do ralo ralo fechado. A partir daí, a gente encontrava sempre. Chegamos a matar mais de 40 escorpiões em todos os lugares na casa. Nos dois banheiros, no quarto da gente, no quarto de Júlia, no escritório, na área na calçada, no quintal, na lavanderia, na sala… em todos os lugares”, contou a jornalista.

O casal teme justamente pela criança. “A gente tem tanto medo de ela acordar à noite, pisar no chão e pode pôr o pé em cima de algum escorpião. Tivemos que trazê-la para dormir com a gente no quarto, no cercadinho dela, que já está super apertado para a idade dela. Quando fica incomodada, a gente bota na nossa cama mas não temos coragem de colocá-la sozinha no quarto devido a esse risco”.

Ellen Rodrigues toma todos os cuidados profiláticos, para evitar a visita do bicho peçonhento, como dedetização para matar baratas, que servem de alimento natural para escorpiões. Eliminou qualquer entulho do quintal para não servir de abrigo para o animal. Mesmo assim os aracnídeos têm aparecido, principalmente em novembro. Ela já ligou para o Centro de Zoonoses para fazer uma vistoria na área mas até agora as equipes não apareceram. “Aqui, a gente realmente vive mais assombrada com escorpião do que com assalto”.